Fazia dias que passava
na banca e via aquela graphic novel da Turma da Mônica. Só que larguei os
quadrinhos tem um tempo. Alguns diriam que amadureci. Eu diria que só um
pouquinho. Na verdade, tive que mudar o foco para cuidar dos meus problemas de
gente grande, visto que tem apenas dois anos e meio desde que mudei para o Rio
de Janeiro e as contas não param.
De todo modo, Turma da Mônica. Tinha décadas que eu não lia
nada dos personagens, que me acompanharam por boa parte da minha infância. Se
hoje sou um devorador de livros e escrevo sem parar, posso dizer que as crias
do Maurício estiveram no início de tudo. Cebolinha, Cascão, Mônica e Magali são
uma das razões porque gosto de ler junto com Pedrinho, Emília, Narizinho, Tia
Nastácia, Dona Benta, a Cuca e o Saci.
Por todos esses motivos demorei a tomar a decisão de
adquirir a graphic novel. Era o peso das memórias de infância pedindo para não
serem maculadas com uma visão estilizada de tempos mais inocentes. Admito, tive
receios. Mas a curiosidade matou o gato e eu estava disposto a seguir pelo mesmo
caminho. Simplesmente precisava saber o que havia sido feito com aqueles
personagens tão queridos.
Comprei o gibi. E não importa o nome que queiram dar para
a publicação, gibi da Turma da Mônica vai ser sempre gibi da Turma da Mônica.
Para minha alegria, foi exatamente isso o que encontrei. Uma história muito bem
elaborada e contada de maneira singela, que me fez lembrar de manhãs distantes
e sentimentos inocentes. Mais do que isso: encontrei uma obra de arte e uma ode à amizade.
A saga do sumiço do Floquinho é o ponto de partida da
história, que faz homenagens a várias passagens da turma da rua do Limoeiro e
conta com participações especiais de outros personagens do universo criado pelo
Maurício. Tudo muito bem escrito e com desenhos que brilham por si próprios. Os
autores foram muito habilidosos ao tratarem os personagens e apresentam
respostas divertidas para enigmas antigos, como o motivo de praticamente só o
Cebolinha aparecer de sapatos nas revistas antigas.
Já tinha lido os especiais do Astronauta, por Danilo
Beyruth, e Chico Bento, por Gustavo Duarte, ambos extraordinários. O meu
favorito continua sendo Pavor Espaciar, mas fico feliz de ver a Turma da Mônica
tão bem retratada por Vitor e Lu Cafaggi. Ao final da leitura, fiquei
imaginando que belo filme esse roteiro daria. Parabéns aos autores pela
sensibilidade e expressividade!